terça-feira, 8 de novembro de 2011

As milícias de verdade














Atualmente, muito se fala das milícias, grupos criminosos armados compostos por policiais e outros agentes do Estado, que exploram serviços de subsistência e lazer de comunidades sob a alegação de oferecer proteção a elas – proteção deles mesmos vale dizer. Trata-se de uma evolução da corrupção policial que sempre foi denunciada, aquela em que o policial, para deixar de ser um impedimento à ilegalidade, recebe benefícios pessoais do criminoso. A milícia e seus similares trazem o policial como protagonista de uma quadrilha, a corrupção “simples” traz o policial como um “pedágio” no caminho da execução do crime.
Estas posturas vão desde o recebimento de dinheiro para liberar o veículo de um condutor com irregularidades em sua documentação até a extorsão a criminosos como traficantes de drogas, que pagam para não serem presos, ou até mortos.


O inimigo agora é outro: as milícias. Veja como essa máfia nascida dentro da polícia e com tentáculos na política se tornou um Estado paralelo, e perverso, na periferia do Rio

por Texto Vinicius Cherobino


Instalado na Secretaria de Segurança Pública, afundado em problemas familiares e com uma vontade maluca de trabalhar, o coronel Nascimento faz o que todo caveira gostaria de fazer no seu lugar: aparelhar o Bope para expulsar os vagabundos da favela.

O serviço de Nascimento termina. Aparentemente corre tudo bem, e aí uma outra questão se impõe: quem vai mandar em um lugar ao qual o Estado ainda não chegou? No filme, não funcionou. Na realidade, também não. 

No dia a dia do Rio, as milícias nasceram como um pelotão formado por policiais da ativa, ex-policiais civis e militares, agentes penitenciários e bombeiros. Elas agiram rápido. Dados do Núcleo de Pesquisa das Violências (Nupevi) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) apontam que 41,5% das 965 favelas no Rio estavam dominadas por milícias em 2008, contra 11,9% em 2005. No começo, elas foram saudadas como a volta da ordem às comunidades de onde nem o Bope tinha conseguido expulsar os traficantes. Os líderes das milícias ganharam prestígio. Não teve político de partido grande que não tenha aparecido, em algum momento, ao lado de algum miliciano. 

Como as aparências enganam (e, para sua sorte, o Coronel Nascimento descobriu isso logo), o objetivo das milícias não é garantir a tranquilidade da comunidade. É o mesmo dos traficantes: ter lucro e poder. Para isso, os grupos paramilitares têm uma oferta muito especial para estabelecimentos comerciais ou para os próprios moradores. Chamada de "taxa de segurança", a oferta é apresentada de duas maneiras: a primeira, via pura e simples extorsão, quando os milicianos ameaçam diretamente os moradores para conseguir o pagamento. A segunda é muito mais sutil e tenta coagir os moradores a pagar a cobrança via ameaças veladas. Imagine a cena: um grupo fortemente armado bate na porta da sua casa (ou loja), oferece segurança por uma taxa mensal e, a todo momento, lembra que são policiais, que estão matando os bandidos, "botando ordem". Você diria não para eles? Os moradores da zona oeste do Rio também não. De maneira semelhante ao popular flanelinha que "guarda" os carros estacionados nas ruas, a milícia oferece proeção contra os danos que ela mesma pode causar. 

E a proteção é apenas parte do esquema. Aos poucos, as milícias passaram a cobrar comissões sobre a venda de imóveis e terrenos negociados pelos moradores, a dominar o transporte irregular das mototáxis e vans, a controlar a instalação de TV a cabo pirata (o "gato net") e de máquinas caça-níqueis. Outro ramo lucrativo é o monopólio da venda de itens como cocos verdes, botijões de gás e crédito pessoal (com a vantagem do baixo risco de inadimplência - atraso significa morte). Ao revender os produtos e serviços superfaturados, as milícias viram os seus lucros, armas e poder se multiplicar. 

Os crimes praticados por essa máfia não se restringem a esse leque. Como os traficantes, os milicianos espancam, torturam e matam pessoas que tentam resistir. Os ataques não acontecem apenas em locais afastados. Há relatos de crimes de milicianos em áreas com muitas pessoas, durante o dia e sem preocupação nenhuma em esconder a sua identidade. Afinal, a matança faz parte do trabalho de "proteger" a comunidade. Exatamente como no filme. 

Aliás, se alguém notar algumas semelhanças com a máfia italiana, não será coincidência. A atuação das milícias não se restringe ao tiroteio. É fácil encontrar milicianos envolvidos em atividades legais, com o intuito de lavar dinheiro. E, o que é mais preocupante, envolvidos com política. O primeiro passo foi o chamado curral eleitoral - obrigar os eleitores das comunidades a votar nos candidatos dos milicianos e a proibir políticos rivais de fazer campanha na região. 

Aos poucos, os próprios milicianos entenderam que melhor do que apoiar um candidato era ser o candidato. Então, passaram a investir em suas próprias campanhas. Muitos foram eleitos. Com o cargo público, conquistaram cada vez mais poder ao lotear cargos entre milicianos ou pessoas favoráveis às milícias, ganharam status e se tornaram mais respeitáveis no asfalto da cidade. Afinal, seus "representantes" foram eleitos, ainda que com votos de curral eleitoral.

"Esse grupo já estava dentro do Legislativo e tinha apoio irrestrito do Executivo. A milícia é o poder paralelo e vai investir sempre contra o Estado", diz Cláudio Ferraz, delegado titular da Draco, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais, responsável pela prisão de mais de 400 milicianos. Com dinheiro e fortemente armadas, essas tropas começaram a usar o poder político recém-adquirido para ensaiar a expansão. E, aí, a vida encontra novamente a arte. Como no filme, as milícias estavam prontas para tomar o "sistema", como o Coronel Nascimento classifica a relação entre políticos e policiais corruptos com a milícia.

O primeiro pedido de CPI PARA investigar a situação ficou arquivado na AssemblEia Legislativa do Rio (Alerj) durante um ano e meio. 

Só depois que jornalistas do diário O Dia foram presos e torturados por milicianos em 2008 - e só conseguiram escapar com vida por terem conseguido enviar uma mensagem pelo celular dizendo onde estavam - a CPI das Milícias foi instaurada. Mas, se no filme são apontados apenas 3 políticos ligados aos criminosos (o governador, o secretário de Segurança e o Deputado Fortunato), a quantidade de milicianos com cargos públicos é muito maior na vida real. A CPI liderada pelo deputado Marcelo Freixo indiciou nada menos do que 226 pessoas após 5 meses de investigação. Gente, aliás, com muito dinheiro. Josinaldo Francisco da Cruz, o Nandinho, foi acusado de ligação com a milícia de Rio das Pedras, em Jacarepaguá. Em depoimento, ele identificou milicianos da região que o ameaçavam de morte. Em 2009, Nandinho foi assassinado no condomínio onde morava na Barra da Tijuca, uma das áreas mais caras da cidade. 

Porém, um dos casos mais famosos é o do ex-deputado estadual Natalino Guimarães (ex DEM-RJ), eleito em 2006 com 50 mil votos. Natalino foi acusado pela CPI de chefiar a Liga da Justiça, um dos maiores grupos paramilitares em atividade, que controlava a região de Campo Grande, zona oeste do Rio. Ele renunciou ao cargo, foi preso e condenado a 10 anos atrás das grades por formação de quadrilha armada. Além dele, seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMDB-RJ), o Jerominho, também foi condenado a 10 anos e está na cadeia. Completam o álbum de família seu sobrinho, filho de Jerominho, o ex-policial militar Luciano Guinâncio Guimarães, também detido por envolvimento com a milícia, e a outra filha do vereador, Carmen Glória Guinâncio Guimarães, a Carminha Jerominho, eleita vereadora em 2008, mas impedida de assumir o mandato por suposta arrecadação ilegal para a campanha eleitoral. Outro que faria parte da milícia é o ex-policial militar Ricardo Teixeira Cruz, o Batman. 

A milícia Liga da Justiça não é a única que teria vinculação com políticos. O vereador Cristiano Girão (PMN) foi acusado de envolvimento com a milícia da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, e foi preso. Outro famoso político acusado de ligação com as milícias é Álvaro Lins. Ele foi chefe da Polícia Civil no estado durante o governo de Anthony Garotinho e teve o seu mandato de deputado estadual cassado após o Ministério Público Federal denunciar a sua suposta participação em esquemas de corrupção passiva, de formação de quadrilha e de enriquecimento ilícito. Lins também foi acusado, dessa vez pela Polícia Federal, de ter ligações com as milícias e de ter buscado apoio dos grupos paramilitares para vencer a eleição em 2006.

Ainda que muitos envolvidos tenham sido presos, há outros que continuam livres. Jorge Babu, deputado estadual do Rio de Janeiro (PTN), foi condenado a 7 anos de prisão em processo que o acusa de integrar uma milícia na zona oeste. Já Luiz André Deco (PR) deve assumir uma vaga de vereador na cidade do Rio de Janeiro mesmo após ter sido indiciado pela CPI. Isso sem falar nos vereadores envolvidos com os grupos paramilitares de Câmaras Municipais de cidades menores ao redor do Rio.

Por mais que a prisão de líderes tenha diminuído o poder de certas milícias, isso não significa que as áreas foram retomadas pelo Estado. O que foi criado foi um vácuo de poder. No caso da Liga da Justiça, por exemplo, o enfraquecimento do grupo paramilitar deu chances para outra milícia crescer - o Comando Chico Bala. "É melhor 1 única milícia grande ou 4 médias? As autoridades não podem baixar a guarda", afirma Claudio Varela, promotor e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.

Para piorar, boa parte das milícias de hoje não pode nem se gabar de ter livrado favelas do tráfico. Vário milicianos deixaram de lado o discurso linha-dura contra as drogas e passaram a tolerar traficantes nas áreas que dominam - cobrando sua porcentagem nos lucros, claro. Afinal, isso é tudo o que interessa.

Filme
Não há diferença entre os milicianos de Tropa 2 e os bandidos de farda da vida real. Nos dois casos, eles cobram taxas mafiosas, matam durante o dia e conseguem eleger deputados.

A economia das milícias Os policiais corruptos conseguiram eleger deputados por causa de uma máquina que fazia milhões explorando os moradores das favelas cariocas. Rio das Pedras é um desses exemplos.

A comunidade 
Tinha 12 mil imóveis e rendia por mês para os milicianos em 2008 R$ 1milhão 
R$ 10 e R$ 50 é a taxa de segurança
Entregadores de compras pagavam um valor fixo de R$ 20 os camelôs, de R$ 30
As milícias cobravam R$ 39 por botijão de gás.
Os donos de transportes alternativos pagavam de R$ 270 a R$ 325 (por semana)
O "GATO NET", sinal de TV a cabo roubado, saía por R$ 18
A taxa mensal de segurança dos comerciantes ficava entre R$ 50 e R$ 200

Dilo Pereira Soares Júnior, major da PM do Rio e acusado de chefiar a milícia de Rio das Pedras, tem patrimônio de R$ 7,2 milhões

Fonte: Ministério Público do RJ
O jeitão truculento de Fortunato inspirado no de Wagner Montes, apresentador de programas policiais no Rio e deputado estadual.

Filme
A CPI das Milícias da realidade só saiu do papel depois que uma equipe de jornalistas de O Dia foi sequestrada, em 2008. Ao contrário do que aconteceu no filme, eles escaparam com vida. Graças a um SMS.




 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

RESENHA LIVRO CIDADE DE DEUS


Paulo Lins empreendeu nesta obra, sua estreia literaria, uma narrativa intensa, dura, realista e precisa. Ele discorre sobre o tema com eficácia, relatando as mudanças pelas quais a Cidade de Deus, favela carioca, passa ao longo do tempo – do crime em menor escala da década de 60 à violência organizada dos anos 90, perpassada pelo tráfico de drogas em alta escala.
Ele retrata sem nenhuma compaixão ou condescendência as trajetórias de Cabeleira, Bené e Zé Pequeno e, por meio destas histórias, representa a própria transformação do bairro neste intervalo temporal. Assim, desfilam em suas páginas os criminosos, os policiais corruptos, os habitantes da favela. O autor descreve minuciosamente a vida nesta localidade, como os crimes são perpetrados, como a violência se dissemina, enfim, os bastidores que nunca integram as notícias dos jornais.
Não há, de forma alguma, uma perspectiva dualista nesta trama. O trabalho aqui realizado é baseado em pesquisas exaustivas e no conhecimento de causa do próprio escritor, que passou sua vida na Cidade de Deus. Tudo é tão realista que, se ele desejasse compor sua obra no estilo não ficcional, com certeza poderia ter produzido uma tese antropológica. A maior parte dos dados utilizados neste livro foi colhido pelo autor entre 1986 e 1993, quando ele atuou como assessor de pesquisas antropológicas sobre a criminalidade e as classes populares do Rio de Janeiro.
Com o objetivo de contrapor o contexto atual ao da fase romântica do bairro, quando ainda se podia ver a Cidade de Deus como uma favela no estilo tradicional, povoada elo samba e pelos malandros do morro, Paulo utiliza a expressão ‘neofavela’ para descrever o que se passa hoje neste local.
O discurso linguístico de que se vale o autor é certamente inusitado. Ele intercala a linguagem popular, que às vezes beira o tom reles, com o verniz ilustrado. Embora o escritor não traduza na escrita aquilo que dizem os personagens, o texto não resulta em uma composição artificial e monótona, mas sim em algo vivo e dinâmico.
Esta obra foi aclamada pelo público e pela crítica como uma das mais importantes produções da literatura brasileira atual. Os críticos destacam seu dom de refletir nas páginas deste livro um complexo contexto social, uma condição de vida completamente arruinada, por meio de um relato veloz, típico da esfera cinematográfica, e de uma poética sem igual.
Outra característica importante de Cidade de Deus é o envolvimento inequívoco de todas as camadas sociais, da mais inferior à mais alta. Nenhuma classe está isenta de participação. As drogas descem do morro pelas mãos dos marginalizados da sociedade, e vão direto para o asfalto, ou seja, para o êxtase dos financeiramente privilegiados.
Paulo Lins é graduado em letras e se consagrou com esta publicação. Ele também escreveu o livro Sobre o Sol. Cidade de Deus foi adaptada para as telas dos cinemas pelo diretor Fernando Meirelles, protagonizado por Matheus Nachtergaele e interpretado por diversos atores amadores.



Sinopse Laranja Mecanica


No futuro, Alex, líder de uma gangue de delinquentes influenciados e criados por uma cultura desregrada de uma sociedade sem valores e hipócrita, que tem por diversão a agressão gratuita que matam, roubam e estupram, cai nas mãos da polícia. Preso ele é usado em experimento destinado a refrear os impulsos destrutivos, mas acaba se tornando impotente para lidar com a violência que o cerca. O diretor Stanley kubrick artisticamente arquiteta as cenas do filme de forma a integrar as partes do enredo harmonicamente,desde a fala única dos personagens as cenas memoráveis o filme se desenrola numa critica não revelada ao modo de vida,cada vez mais egoísta do ser humano.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Matéria

Pichação nas Grandes Cidades

A grafia da pichação de São Paulo, ao contrário da carioca, é a mais próxima da escrita normal, onde as letras se destacam por serem grandes e na vertical, com curvas e detalhes que fazem o diferencial de cada pixação.
 Em São Paulo, os pichadores organizam "equipes" de pichação e possuem algumas diretrizes para organizá-la, possuindo até mesmo um líder (vulgarmente chamado de "cabeça"). Algumas equipes possuem uma espécie de "grife", onde cada uma possui um símbolo para distinção, exibindo então a união de diversas equipes. São realizados encontros (também conhecidos como "points"), onde diversas grifes se reúnem para trocar informações e fazerem festas com tinta e, frequentemente, drogas. Existem equipes com mais de vinte anos de existência, denominadas de "Velha Guarda" ou "Das antigas”. O ápice de uma pichação é chamado de “pico”, onde geralmente um prédio de grande porte tem sua parte superior pichada, caracterizando um crime, já que para efetuá-lo, as equipes têm que invadir o edifício para ter acesso a sua parte mais alta.








            







                    








A Polícia Civil, o Ministério Público e o Judiciário estão mais severos na punição de
pichadores pichação é considerada crime no Brasil, com pena de três anos de prisão e multa conforme estabelece o artigo 65 da Lei de Crime Ambiental, pena que geralmente é convertido em prestação de serviços gratuitos à comunidade ou multa. Além disso, os pichadores são indiciados por formação de quadrilha, denunciados à Justiça e têm a prisão preventiva decretada.

  





 Na manhã desta terça-feira, cinco deles, foram presos em suas residências e permanecerão atrás das grades por tempo indeterminado. Esses pichadores são considerados os mais atuantes da capital e deixaram marcas no pirulito da Praça Sete, nas praças da Bandeira, do Papa, no prédio da Imprensa Oficial, vários viadutos e até no Detran-M. 



 






 Mais às vezes nem todos os jovens são pichadores, mais acabam indo preso por causa de outras pessoas, foi um caso que aconteceu com
um rapaz chamado Diego, que fazia parte de um grupo de cinco pessoas, que estavam na cidade de Passos Minas Gerais, que de repente um de seus amigos tirou uma latinha de spray de dentro da blusa, e começou a pichar uma casa da cidade que era de um sargento que por esse ato foram levados todos para prisão.

domingo, 23 de outubro de 2011

Nome e RA do Grupo


AYMÉE CAROLINE FERREIRA GUARINO DADA
RA: A776FJ-2

DIEGO MELO SATURNINO DE LIMA
RA: A75IEH-8

LUCAS REIS
RA: A78415-2

RAQUEL MARQUES DE OLIVEIRA
RA: B022825

THIAGO DARIOLLI
RA: B02279-5

A PRISÃO DE DIEGO

Olá galerinha do blog.
Hoje trouxemos uma entrevista muito interessante com nosso amigo da Facul, é o Diego Saturnino, conhecido por alguns amigos como o garoto de Saturno rsss, bem brincadeira a parte, o Diego vai nos contar sobre uma de suas inúmeras aventuras, está deixou toda a galera paralisada para o desfecho da história, realmente a entrevista ficou super banaca, confiram.


A PRISÃO DE DIEGO
Boa noite Diego, segundo nossas informações aqui ocorreu um fato muito interessante com você na sexta-feira 13 de dezembro, é bem curiosa esta data né, em que ano foi? Você se lembra?
“Boa noite, foi no ano de... 2002, não tem como esquecer esta data (risos)”.

Onde foi que aconteceu essa história?
“Foi na cidade de Passos, em Minas Gerais, eu tinha ido pra lá né, pra passar um tempinho na casa do meu primo”.

Quantas pessoas estavam lá com você?
“Estávamos em 5 pessoas, um era meu primo e os outros uns amigos dele lá”.

O que vocês estavam fazendo lá antes do ocorrido?
“Eu ‘tava’ assistindo eles jogarem futebol, porque eu não sei jogar, nem gosto muito então nem me arrisquei né, fiquei lá sentado mesmo vendo eles”.

Como aconteceu a prisão?
“Depois do jogo agente se reuniu numa praça e a maioria decidiu dar uma volta na vila, eu não queria ir porque tinha acabado de chegar de São Paulo”.

Houve insistência de alguns rapazes?
“Meu primo insistiu, ele disse que seria rápido então eu acabei indo”.

Quem teve a ideia do ato “criminoso” e qual foi a sua participação nesta história?
“Então, depois de uns 40 minutos andando, um amigo do meu primo, o nome dele era Diego também, de repente ele tirou uma latinha de spray de dentro da blusa e já começou a pichar, e o pessoal foi tudo no embalo, eu não pichei, eu até tenho um medo dessas coisas...”

Vocês sabiam que lá era a casa de um sargento?
“Não, ficamos sabendo só depois, ele ‘tava’ chegando em casa e quando o carro se aproximou todo mundo parou e fomos andando pra disfarçar até o quarteirão do lado”.

Como vocês foram perseguidos?
“Chegando na rua de baixo o sargento parou o carro no cruzamento no meio da rua e saiu atrás da gente. Cada um correu pra um lado diferente, eu corri junto com o meu primo”.

O sargento correu atrás de você e do seu primo? Onde vocês foram pegos?
“Então, a gente correu pra um terreno baldio que tinha por lá e nos escondemos, ficamos ‘agaixados’ cerca de 40 minutos, como ficamos muito tempo agente achou que não tinha mais perigo e fomos indo pra casa já comentando que ia tomar banho e jantar”.

Vocês por algum momento pensaram que poderiam encontrar o sargento novamente?
“De maneira alguma, achamos que ele já estivesse bem longe de lá”.

Como foi a surpresa de encontrar com o sargento?
“Na verdade, inicialmente agente não encontrou diretamente com o sargento, é agente encontrou aquele que tirou a latinha da jaqueta, correndo rua a cima assim, na nossa direção e gritando ‘ELE TÁ VINDO! ELE TÁ VINDO’ depois que ele gritou isso que a gente não tinha entendido muito na hora, agente viu o carro desse sargento cantando pneu virando a rua assim...”

Vocês correram de imediato ou ficaram assustados, parados?
“Na hora, eu fiquei pensando o que fazer, mas como o meu primo correu eu não conhecia a cidade eu corri atrás dele”

Em todo momento vocês correram juntos ou chegaram a se separar?
“Nós três, eu o meu primo e o outro rapaz, agente “tava” junto por um período de tempo, mas aí agente se perdeu do rapaz, ficou só eu e o meu primo; eu nem ‘tava’ prestando atenção nele, eu tava só olhando onde o meu primo ‘tava’ e eu ia junto, e por fim, meu primo tentou subir lá numa casa, aí eu fui atrás dele também tentar nessa hora o sargento já desceu do carro apontando a arma pra gente”.

Como ele parou vocês? Gritaram ou chegaram a agredir de alguma forma?
“Ele gritou né, o sargento inicialmente gritou, falou que se a gente não descesse... - eu ‘tava’ no meio do portão já, escalando... - falou que se agente não descesse ele iria atirar, então eu não pensei duas vezes e desci, meu primo já ‘tava’ em cima da casa, eu ‘tava’ no meio do portão, na hora que o policial gritou, e aí meu primo já viu que eu ‘tava’ enrascado, aí ele voltou também, e nessa hora o policial simplesmente mandou agente deitar no chão, a agressão veio um tempo depois..”

Então vocês chegaram a sofrer agressão?
“O policial agrediu eu e o meu primo no mesmo local, apertando o pescoço né, o gogó, e quando chegou a viatura e a gente já “tava” lá na gaiolinha, chegou o pai desse sargento e deu um ‘murro’ na cara do meu primo...”.

O pai do sargento tinha algum patamar na polícia?
“Eu acho que ele era ex-policial mas o cara ‘tava’ de de camisa polo, bermuda, chinelo.”

O sargento estava a trabalho?
“O sargento não, só se ele trabalha a paisana, não sei né, porque ele ‘tava’, o sargento não tava numa viatura, ele tava o próprio carro dele...”

Quando foi que descobriram que ele era sargento, ele se identificou no momento da abordagem?
“Ele se identificou no momento da abordagem, assim que ele deitou a gente no chão e chamou a viatura, ele falou né, que ele era sargento e tal, e acho que isso foi a pior coisa (risos)”.

Depois disso tudo, eles levaram vocês pra que lugar?
“Eles levaram a gente pra uma delegacia, lá na cidade de Patos mesmo né, e aí fizeram o boletim de ocorrência, no caso os avós do meu primo foram lá buscar a gente, e aí fomos felizes para sempre (risos) ”.